Os moradores da primeira favela surgida no Brasil vão mudar de vida. O Morro da Providência, no Centro do Rio de Janeiro, ganhou um novo modelo de policiamento.
O morro se destaca na planície do Centro do Rio. Em 1893, nascia a primeira favela do Brasil. Ainda não tinha esse nome quando vieram pra cá os desabrigados de um cortiço que desabou depois de uma semana de chuvas na cidade.
Quatro anos mais tarde, os soldados que chegavam da Guerra de Canudos na Bahia, cansados de esperar pelas casas prometidas pelo governo, também se instalaram na encosta.
O morro era coberto de vegetação rasteira. A paisagem lembrava a do Monte da Favela, base do acampamento do Exército brasileiro em Canudos. Os soldados passaram a chamar esse lugar de Morro da Favela. Favela se tornou um nome, se tornou popular, conhecido em todo o Brasil.
Na capela no Alto do Morro, quase não há marcas do passado. Nem vestígio da cruz que teria vindo de Canudos. São muitos buracos de bala, sinais de tempos mais modernos e muito mais violentos.
A velha caixa d'água dos anos 20 está desativada. Diz a lenda que era a morada de fantasmas. “Diziam quando eu era criança que aqui era mal assombrado”.
Aos pés da primeira favela, no terreiro de Tia Ciata, nasceu o samba nas rodas frequentadas por Donga, Sinhô, Ismael Silva, Pixinguinha.
Dodô, 90 anos, veterana porta-bandeira da Portela, chegou ao morro ainda criança. Pelas ladeiras, era só festa e carnaval.
“Tinha o ‘Fiquei firme’, tinha ‘Com amor não se vence’, isso é tudo escola de samba, tinha bloco, tinha rancho, tinha frevo”.
O morro ganhou agora uma Unidade de Polícia Pacificadora. Quatro mil moradores da Providência e de duas comunidades vizinhas serão beneficiados.
O novo policiamento trará tranquilidade também para milhares de cariocas que circulam todos os dias pelo Centro da cidade e pela Zona Portuária. Esta é a sétima UPP instalada. Segundo a polícia, o novo modelo já trouxe segurança para 120 mil moradores do Rio.
Nesses novos tempos, também estão previstos um elevador futurista e um centro de memória, pro passado da primeira favela do Brasil não cair no esquecimento.
por Brenda Karoline